quarta-feira, 17 de novembro de 2010

O Mundo de lá

Atrás das cortinas ficam aqueles que não são famosos, que não vão ser aplaudidos de pé pela platéia e nem serão ser iluminados pelos refletores do teatro. Mas vivem dele, e fazem com que ele viva e se mantenha vivo.


Aderecistas, maquinistas, chefes de palco, iluminadores, técnicos de som...Todos de preto, falando baixinho, se chamando pelo som de um beijo estalado, iluminados apenas por uma luz fraca, amarela que vaza do palco; Espiando pela cortina o que pode do espetáculo. Roubando uma cena que seja.
Na platéia o publico em geral, na expectativa do espetáculo. No palco os artistas, suas vozes, seus egos, seus personagens. E atrás da grande cortina de veludo, esse submundo vivo, mágico.

Um dos melhores momentos para se estar na coxia e quando chega o coro pra entrar em cena. 50 pessoas juntas se concentrando pra dar um show. Lá, cada um em seu silêncio, no seu canto, com a sua historia e pensamento, iluminados por essa luz fraca, cheia de magia.





Ao passar pela cortina, tudo muda. Os cantores e atores, ao cruzarem a linha entre a luz e a som, se transformam em personagens que vamos guardar pra sempre em nossas memórias. O publico na platéia com a versão completa; mundo do atrás das cortinas com apenas a musica, e algumas poucas cenas roubas entre um movimento de cortina e outro, vista pela lateral do palco.


Um dia, lendo o livro Mochila do Mascate do Cenógrafo italiano Gianni Ratto me deparei com a frase, ”Na hora de entrar em um palco vazio, aquela mesma primeira sensação, aquele encantamento, aquela impressão de lá ter vivido muitas vidas, reabsorvido pelo reencontro de um déjávu que me enchia de uma felicidade inexplicável que se consolidava num suspiro profundo de alivio e tranqüilidade”

Uma vez iluminados pela luz amarela, ou uma vez que se cruza a linha da cortina, não tem mais volta.

...A magia da caixa cênica...

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